PL planejou ação política usando a polêmica do PIX para desgastar governo Lula

O Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, elaborou uma estratégia de comunicação nas redes sociais explorando a controvérsia em torno do PIX para minar a popularidade do governo Lula. A iniciativa incluiu um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que utilizou a polêmica da medida governamental de monitoramento de transações acima de R$ 5.000 via PIX para fins políticos. Essa ação foi planejada pela cúpula do partido em conjunto com o marqueteiro Duda Lima.

Duda Lima forneceu aos líderes do PL um roteiro para criticar a decisão governamental. Sua estratégia incluiu a sugestão de apresentar a medida como um possível prelúdio à tributação futura, afetando empreendedores individuais e trabalhadores informais – um segmento que apoiou Bolsonaro nas eleições. No vídeo, Ferreira não disseminou a informação falsa sobre a taxação do PIX, mas capitalizou sobre a polêmica gerada pelos boatos para atacar o governo.

Após a revogação da instrução normativa da Receita Federal pelo governo, Ferreira publicou outro vídeo atribuindo o recuo à sua “denúncia”. Internamente, o governo foi alvo de críticas por revogar a instrução, com assessores presidenciais sugerindo a edição da medida provisória para garantir a não tributação do PIX e reafirmar que a Receita Federal visava sonegadores. A medida da Receita elevou o limite de monitoramento de R$ 2.000 para R$ 5.000 e incluiu bancos digitais e instituições de pagamento na lista de entidades obrigadas a enviar informações ao Ministério da Fazenda.

Durante a sanção da reforma tributária, o presidente Lula evitou mencionar a polêmica do PIX, declarando apenas que o governo não deve temer o combate às fake news. O episódio resultou em desgaste para o governo, que revogou a decisão da Receita e editou medida provisória garantindo que o PIX não será tributado. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, condenou a disseminação de desinformação, aludindo ao deputado Ferreira, que publicou vídeos com quase 300 milhões de visualizações criticando o governo.